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Espiritualidade e Comunicação Não-Violenta

Presença, conexão, gratidão – estes são alguns dos valores que quero ver nutridos, não apenas nesta época do ano, mas em todos os dias desta vida. Presença que nos apoia a ver como realmente somos e a enxergar nossa humanidade compartilhada. Conexão que surge a partir deste olhar com o coração aberto, curioso, amoroso. Gratidão pelo que nasce entre a gente quando nos entregamos assim. Isso me leva mais próximo da espiritualidade que faz sentido para mim – e a Comunicação Não-Violenta é um caminho para vivê-la na prática.

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A mãe possível

A primeira vez que tive uma noite de sono de 8 horas contínuas, desde que meu filho nasceu, foi quando “fugi de casa”. Fiz uma viagem bate-e-volta e passei uma noite fora. Era a primeira vez que ele passaria a noite só com o pai. Surgiram inúmeras questões na minha mente, no meu coração, no meu corpo. Será que ele ia conseguir dormir? Será que “os meninos” iriam se virar? Será que meu peito ia vazar ainda, depois de mais de dois anos de amamentação? Será que ele ia pensar que eu o abandonei? E outras coisas que nem convém dizer aqui… Porque né, a gente vive essa simbiose toda do puerpério e depois, quando quer se lembrar quem é, fica meio perdida, meio culpada, meio em dúvida: será que eu sou eu, ainda?

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Você tem fome de quê?

Sábado passado estive com outras mães, numa das vivências que facilito. Investigamos juntas aquilo que nos apoia e refletimos sobre como fortalecer nossa rede de apoio para persistir no caminho de uma maternagem consciente e amorosa, criando mais conexão com os filhos e com nós mesmas. Mais uma vez, foi lindo ver o processo de descobertas de cada uma! As mulheres vão se fortalecendo, tornando-se mais unidas, mais empoderadas, mais conscientes das dinâmicas de suas relações. Sororidade, acolhimento, empatia e muito amor envolvido neste trabalho feito de mãe para mães. Todas se despediram com um sorriso verdadeiro, mais confiantes, mais conectadas com as necessidades e com mais clareza daquilo que cuida de cada uma.

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Maternidade opressora?

Ser mãe é padecer no paraíso? E quem não quer padecer assim, tem lugar? Acho necessário olhar muito além da relação mãe-filho, esticar os olhos para o sistêmico, reconhecer o quanto de opressão pode haver na maternidade – opressão sustentada pelo que é socialmente aceito e esperado das mulheres.

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Somos a mudança que queremos ver no mundo?

“Criar” um outro ser humano é co-criar-se. É ter a oportunidade de se recriar, de fazer diferente, de contribuir para uma nova sociedade, mais humanizada, mais empática, mais cooperativa e amorosa. Nós, mães (e pais), temos esta oportunidade (e este desafio) diariamente. Como estamos aproveitando esta chance? Somos exemplo para nossas crias: tudo o que elas nos veem fazendo, muito mais do que aquilo que dizemos ser o certo, elas irão assimilar. Então, sim, a mudança começa em nós. Se eu desejo que as crianças com quem convivo sejam conectadas com aquilo que serve à vida, é preciso que eu mesma busque esta conexão – que, em última instância, é a espiritualidade na prática.
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Leituras que nos apoiam…

Muitas pessoas me pedem dicas de livros para apoiar sua investigação rumo a uma maternagem mais consciente, mais amorosa e plena. Então, segue uma pequena lista, não exaustiva, de leituras que fiz e que me fazem sentido. Espero que faça sentido para você também e possa contribuir para suas buscas.

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Ouvir e ser ouvida

Há um post que circula de vez em quando pelo facebook que diz algo assim: “Entre o que eu penso, o que quero dizer, o que creio dizer, o que digo, o que você quer ouvir, o que você ouve, o que você crê entender, o que você quer entender e o que você entende, existem nove possibilidades de não nos entendermos”.

Marshall Rosenberg, criador da “Comunicação Não-Violenta“, disse em algum momento de sua vida, que “90% (não sei se era bem esta a porcentagem, mas era alta) de nosso sofrimento vem de nossas interpretações”.

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Sobre cuidar e ser cuidada…

“Se eu cuido do outro negligenciando a mim mesmo, eu estou cultivando a negligência e não o cuidado”, já dizia Thomas d’Ansembourg (escritor francês e consultor em Comunicação Não-Violenta) no livro Deixe de ser bonzinho e seja real. Para estar inteiro com alguém, eu preciso estar inteira comigo. Isso significa que preciso cuidar de mim, investigar o que me faz sentido, ficar comigo para ter clareza do que sinto, perceber minhas reais necessidades e como eu gostaria de atendê-las. Descobrir o que cuida de mim, enfim. E dar passos nesta direção. E, muitas vezes, para isso, preciso  de apoio, de rede de apoio (você já leu meu texto sobre este tema?).

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A mãe da mãe

Este é o mês de aniversário da minha mãe. Esta mulher tão íntima, tão estranha, tão diferente de mim, tão minha igual. Mulher, humana. Durante muito tempo, a enxerguei apenas como “a mãe” e me relacionei com ela a partir deste rótulo, esperando que ela cumprisse bem o seu papel – seja lá o que isso significasse, mas havia um significado: ela “tinha que” fazer certas coisas, agir de determinada forma, falar de um determinado jeito, calar e aceitar. Acima de tudo, aceitar.

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