Nutrindo a relação durante a refeição
Lembro que minha mãe me obrigava a comer feijão todo dia no almoço. E a tomar leite toda noite antes de dormir. Eu odiava, feijão e leite – pois não podia odiar minha mãe. Detestava o gosto e a textura do feijão, detestava a oleosidade do leite de vaca. Mas criança não tinha querer, quando eu era criança. Lembro também de como “mamãe vai ficar triste, se você não comer tudo” e de como ela fazia “tudo com tanto amor” que eu tinha que comer “só mais um pouquinho”. Claro, porque se eu não comesse, eu seria a ingrata responsável pela tristeza de minha mãe, ela que fazia tudo com tanto amor e que só estava “pensando no meu bem”. Certamente ela só estava pensando no meu bem e estava fazendo o melhor que podia com a sabedoria e condições que ela tinha no momento. Eu entendo e acolho. Mas não concordo. Esse ciclo de desrespeito com o corpo da criança pára aqui.