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Somos a mudança que queremos ver no mundo?

“Criar” um outro ser humano é co-criar-se. É ter a oportunidade de se recriar, de fazer diferente, de contribuir para uma nova sociedade, mais humanizada, mais empática, mais cooperativa e amorosa. Nós, mães (e pais), temos esta oportunidade (e este desafio) diariamente. Como estamos aproveitando esta chance? Somos exemplo para nossas crias: tudo o que elas nos veem fazendo, muito mais do que aquilo que dizemos ser o certo, elas irão assimilar. Então, sim, a mudança começa em nós. Se eu desejo que as crianças com quem convivo sejam conectadas com aquilo que serve à vida, é preciso que eu mesma busque esta conexão – que, em última instância, é a espiritualidade na prática.

 
Neste sentido, gosto muito de um texto de Marshall Rosenberg, que traduzi do livro “Dénouer les conflits par la Communication NonViolente” e compartilho abaixo com vocês.
 
“Se, quando nós trabalhamos a favor da mudança social, não nos apoiamos sobre uma certa espiritualidade, corremos o risco de ‘meter os pés pelas mãos’. Por ‘espiritualidade’, eu entendo o fato de ficar a cada instante conectado com sua própria vida e com a vida dos outros. Nós podemos descobrir nossa espiritualidade fazendo-nos algumas perguntas: o que é uma vida boa? qual é nossa razão de ser? Esta qualidade de consciência contribuirá a nos conduzir para uma espiritualidade que embeleza a vida, que nos ajuda a nos reconectar de coração à coração a nós mesmos a aos outros. Nós somos todos politicamente evoluídos, nós conhecemos todas as estruturas perigosas que existem, nós somos muito hábeis a ver o que não está bem no mundo e nós queremos mudá-lo. Mas se nós não operamos primeiramente uma mudança espiritual em nós mesmos, nós não seremos eficazes. De fato, poderíamos até contribuir a perpetuar a situação atual. Então, sim, vamos começar por nós mesmos, mas sejamos prudentes: a espiritualidade pode ser sinônimo de passividade se nós levamos as pessoas a ficarem tão calmas, conciliadoras e amáveis que elas terminam por tolerar as estruturas perigosas. A espiritualidade que nós precisamos desenvolver para realizar a mudança social precisa ter um efeito mobilizador em favor desta mudança. Ela não pode, simplesmente, nos permitir de ficar lá, amando o mundo, independentemente do que aconteça. Ela precisa criar uma qualidade de energia que nos incita à ação. Se nosso desenvolvimento espiritual não tem esta qualidade, acho que nós não conseguiremos realizar o tipo de mudança social que eu gostaria de ver acontecer. (…)
 
A mudança social consiste em nos liberar de toda teologia, de toda espiritualidade que não está em harmonia com isto que, para nós, permitirá de criar o mundo no qual queremos viver. Saibamos primeiro definir o mundo no qual queremos evoluir, depois precisamos agir de maneira a criá-lo. A partir do momento que começamos a viver uma outra espiritualidade, nós colocamos em marcha a mudança espiritual. Não se trata de parar por aí, mas a partir do momento em que nós vivemos – em qualquer grau que seja – uma outra espiritualidade, a mudança social começa.
 
Nosso desenvolvimento espiritual determina em larga medida o tipo de mundo e de estruturas sociais que vamos criar. Na verdade, o desenvolvimento espiritual de que precisamos – segundo minha definição da espiritualidade – se volta sobre algumas questões: em que consiste nossa natureza humana? qual é nossa razão de ser? O que é uma vida boa?
criança mamães mudança social

Somos a mudança que queremos ver em nossos filhos?

 
A espiritualidade na qual eu fui educado e a cultura na qual eu cresci me ensinaram que a vida boa consiste em punir as pessoas más. As forças do bem punem as forças do mal. Eu diria até que esta forma de espiritualidade continua sendo nossa espiritualidade preferida. As crianças de nossa cultura estão expostas a isso, especialmente quando assistem televisão. Setenta e cinco por cento dos programas propõem histórias de heróis, de mocinhos que matam ou que batem nos bandidos. Nós nem podemos recriminar a tv por promover este tipo de espiritualidade: numerosos livros sagrados serviram a ensinar esta mensagem. Quanto a mim, eu opto por uma outra forma de espiritualidade. “
Faz sentido para vocês o que diz Marshall? Como tem sido sua postura para ser a mudança que você quer ver no mundo? Você é o que você gostaria que seu filho/ filha se torne? Como é isso para você? Agradeço se quiser compartilhar nos comentários suas experiências.
 
Com amor e gratidão,
Maristela

Todos os textos da sessão “Escrito à Mãe” do site cultivandocuidado.com bem como os textos do perfil no Instagram @cultivandocuidado são de autoria de Maristela Lima. Se estas reflexões fazem sentido para você, talvez elas sirvam também para suas amigas mães. Compartilhe com elas o link deste artigo e sempre cite a autoria. Assim, você valoriza o trabalho de uma mãe que escreve e apoia este trabalho, contribuindo para que mais mulheres se beneficiem e me motivando para que eu continue a oferecer às mães conteúdos importantes, gratuitos e de qualidade. Entre mães, precisamos no apoiar.
Com amor e gratidão,
Maris.


DICAS DE LEITURA (clique nos títulos para saber mais) :

This Post Has 8 Comments
  1. […] “Cultivando o Cuidado” é meu projeto do coração, porque nasceu junto com a mãe que nasceu em mim quando meu filho nasceu – despertando meu desejo mais profundo de ser um canal de amor, cura e transformação para as mães. E isso deu um novo sentido ao meu propósito nesta vida. Através deste projeto, eu contribuo para que muitas mulheres transformem sua relação consigo mesmas e com seus filhos. Assim, apoio a co-construção de uma sociedade mais amorosa, empática e colaborativa, um mundo melhor para as crianças e para todos nós. Porque as mudanças começam em casa, nas relações com os filhos, que herdarão este planeta e irão se relacionar com as outras pessoas da maneira que aprendem a se relacionar na família, com os adultos de referência. Portanto, nós podemos ser a mudança que queremos ver no mundo! […]

  2. […] Por estas experiências com outras mulheres, e pela minha própria experiência pessoal e profissional, eu digo a você: para cultivar relações saudáveis – consigo mesma e com as outras pessoas – é preciso auto-conhecimento para descobrir o que nos apoia e co-criar as condições para que as nossas necessidades mais verdadeiras estejam atendidas. As consequências são mais do que positivas! Nos tornamos, a cada dia, com persistência e apoio, a mudança que queremos ver em nossos filhos. […]

  3. […] “Se quisermos que nossos filhos amem e se aceitem como são, nossa tarefa é amar e nos aceitar como nós somos. Não podemos nos entregar ao medo, à vergonha, à culpa e ao julgamento em nossa própria vida se quisermos criar filhos corajosos. Compaixão e vínculo – as virtudes que dão sentido e significado à vida – só podem ser aprendidos se forem experimentados”, diz Brené Brown no livro A coragem de ser imperfeito. E continua: “Enterrada em algum lugar profundo de nossas esperanças e nossos receios a respeito da maternidade e da paternidade, está a verdade assustadora de que não existe perfeição na criação dos filhos, nem garantias. (…) As discussões exarcerbadas sobre educação nos abstraem convenientemente desta verdade importante e dura: quem somos e a maneira como nos relacionamos com o mundo são indicadores muito mais seguros de como…“.  […]

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